quarta-feira, 3 de março de 2010

Ninguém = ninguém

Há tantos quadros na parede

Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém = ninguém

Me encanta que tanta gente sinta
(se é que sente) a mesma indiferença
Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém = ninguém

Me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
Entre duas pessoas
Entre quatro paredes
Tudo fica claro
Ninguém fica indiferente
Ninguém = ninguém

Me assusta que justamente agora
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

O que me encanta é que tanta gente
Sinta (se é que sente) ou
Minta (desesperadamente)
Da mesma forma

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
São todos iguais
E tão desiguais
                                       ( Ninguém = ninguém - Engenheiros do Hawaii ) 


   Conviver com várias pessoas todos os dias tem lá suas vantagens, uma delas é observar como essas pessoas se comportam, tanto jovens quanto professores, pessoas inteligentes. A maioria de nós olha tanto pros próprios pés, que até o caminho sai de foco, e quem dirá aqueles que caminham ao nosso lado, à nossa frente ou logo atrás.

   Tantos anos observando aulas e palestras com a atenção dividida se tornam interessantes se pararmos pra analisar. Todas as pessoas ao nosso redor agem sempre de maneira que possa lhes trazer algo mais, da maneira que lhes é favorável e nem sempre essa maneira é a própria daquela pessoa. Temos assim que a maior qualidade do grupo estudantil é a ‘falsidade conveniente’.
   Isso não é uma crítica a ninguém e nem uma revolta alienada, é só um fato observado e inegável, está longe de uma generalização, mas é indiscutível que a maioria se encaixa perfeitamente nas constatações.
   Até nossos mestres, nossos educadores, que deveriam apenas transmitir o conhecimento, tem um comportamento ‘peculiar’ no dia a dia frente às suas turmas, nós. Os males que mais os atingem são: favoritismo, egoísmo e ‘simpatia aparente’. Porque, me digam qual é a pessoa que passa a maior parte da sua vida se dedicando aos estudos e absorção de conhecimento que, chegando a ser um educador, vai chegar à frente de uma turma de jovens promissores e lhes fornecer todo o seu conhecimento? Sendo que, se esses mesmos jovens aprenderem de maneira correta, irão lhes substituir dentro de poucos anos?
   Nenhuma! É a resposta, ninguém inteligente o bastante passa o ‘segredo’ adiante, e eis aí a justificativa para tantos de nossos professores estarem mostrando só o que são pagos para mostrar, ainda com um grau intencional de ‘confusão’ só por segurança. E como não poderiam deixar transparecer, são ‘TODOS’ superqueridos e para terem seus seguidores ‘elegem’ uma meia dúzia pra apresentar o conteúdo sem a parte chata, mas nem por isso integral.
   Voltando a ‘nós’, você ou eles, como preferir... falemos do clássico: ‘Oi, João, quanto tempo, cara que falta tu me faz, como vai a mãe? Bem? Aaahh que ótimo!!!! Tu tem as questões de matemática feitas? Ah que legal! Me empresta?’ ¬¬ E é ASSIM que é, são coisas que se repetem diariamente, que as pessoas acham que ninguém vê, mas... bom... eu vejo.
   O mais legal é que as pessoas são tão diferentes e com qualidades tão distintas e acabam agindo todas de uma mesma maneira. Assim como alguns poucos lerão esse texto e não irão se incluir ‘nas pessoas’ de quem eu falo, e nem devem, porque o alvo da flecha não sabe ler, não quer ver, e eu nem ligo, mas eu vejo.
   Eu adoro as pessoas, observa-las, rir de suas ações estúpidas, é legal isso, observar. É interessante ver as pessoas e imaginar como as pessoas me vêem, eu acho que sou meio ‘plano de fundo’, mas é a minha opinião, e também acho que me incluem onde eu NÃO me incluo, mas eu não me importo muito.
   As pessoas são indiferentes quando estão todas juntas. E quando querem momentâneo destaque, é fácil, ou detonam quem as está ofuscando, ou algumas palavras dão conta do recado, mas esse momento passa, e as palavras ficam.
   E como eu li no trem uma vez ‘Quem finge ser simpático, deforma o rosto...’ ou alguma coisa parecida... e é mesmo, só observe, é fácil ver como as pessoas são, basta observar!

   Todos tão iguais e tão diferentes...

   ...e é, sim, começaram as aulas! Rá.

.

Um comentário:

  1. Rá, eu te amo minha observadora, saodiaspodi .

    é tão bom ler os teus textos, por que tu nunca tira o brilho das coisas amorá, ameiii .

    ResponderExcluir